Ter amigos é compartilhar momentos e experiências, sejam bons ou ruins; é trocar ideias, pensamentos e ideais; é ser fiel, cooperar e confiar. É amar. Não importa o gênero, seja homens ou mulheres a afinidade acontece. Será? Amizade entre sexos opostos realmente existe?
Os pensamentos são convergentes. Há mulheres que acreditam que “homem nenhum presta”, assim como há homens que caem matando sexualmente falando. Nos dois casos a relação humana não tem espaço para se ampliar e encontrar um no outro não só o desejo, mas sim a amizade. Outros casos porém a coisa se intensifica de uma tal forma que para o homem a amiga passa a ser um amigo e vice-versa, sem primeiras, segundas ou terceiras intenções. É difícil, porém existe.
E o que leva a esse relacionamento? Mulheres afirmam desde sempre que as amigas são rivais e os homens são muito mais leais e íntegros. Já os homens o racional fala mais alto e os sentimentos e conflitos emocionais são deixados um pouco de lado. Quando os dois se unem encontram as qualidades que faltavam em suas relações de mesmo sexo e conscientemente ou não sempre queremos saber “como é o outro lado”. A relação se intensifica e o equilíbrio se instala. Sim ou não?
Não necessariamente. Os conflitos podem estar só começando nesse momento. A Intimidade pode ser vista como um fechamento de portas para o casal ou como uma abertura, já que não há segredos nem limitações. Analisando diversos meninos percebi que a amiga da turma é considerada – quase – um homem, com a diferença de que um dia, com o tempo, as coisas podem mudar e as intenções podem vir a aparecerem; não acontece frequentemente, contudo não quer dizer que seja impossível. Até então ela é tratada como um amigo, com a diferença dos assuntos de sentimento serem muito mais comum do que com o resto da turma. Outros juram de pés juntos que nunca ficariam com uma amiga justamente por ela o conhecer demais. As meninas, por sua vez, confiam mais no instinto: dificilmente o amigo que ela nunca sentiu atração vai passar momentaneâmente a sentir.
Uma amiga minha me disse que acontece muito de ficar com os amigos por carência e muitas outras pensam da mesma forma: é uma amizade com bônus. Depois de conversar com amigos e amigas entendi que a relação entre homens e mulheres pode muito bem funcionar no real significado da palavra amizade – mesmo porque sou prova disso -, mas não quer dizer que a tensão sexual não esteja presente. Na natureza a aproximação entre sexos sempre visa a reprodução e é difícil tirarmos uma programação que perdura à milhares de anos. Difícil, não impossível.

Giovanna Offer


formspring.me

21set11

Perguntas? http://formspring.me/arrrg


Eva, a taróloga diz: Tire sete cartas, não precisa de uma pergunta, o jogo vai mostrar como estão as coisas entre vocês, você com ele, ele com você. Respiro fundo, tiro as cartas e está feito.
Eva começa a falar o que cada carta representa em suas devidas posições:
O Louco, a beira do abismo, incerteza, insegurança, qualquer paixão o diverte, pode ser como pode não ser, nada se sabe, tudo se depende e não depende só dele. Quer vida e quer vive-la, está presente pra quando as coisas acontecerem.
A Torre, carta ruim, uma das piores – se não for a pior –, Eva faz uma expressão negativa e logo fala “Se pudesse definir a Torre hoje em dia seria: “Cuidado! Fica na espreita, coisas ruins estão por vir, mas se você agir com cautela e se precaver podem passar”. A Torre é dor. Nada muito animador. Que coisas são essas? Algum carma? Alguma traição? O término estará por vir? Justamente agora, com tanta paixão.
O Carro, o Enamorado, o Eremita. Tudo está bem, há paixão, há amor, há tranquilidade. Se gostam, estão juntos e está tudo bem – ao menos agora. Há uma harmonia, os dois sentem o mesmo. É, pelo menos nisso não há o que dizer, é e é, está ai pra qualquer um ver.
A Justiça e a Morte, mudanças estão por vir e ele é justo. Não importa o quanto amar, “doa a quem doer” a justiça será feita. Sem pesar os pós e os contras, a verdade é o que vai prevalecer.
A Torre continua me intrigando e insisto: “você sabe o que pode ser de tão ruim?”, Eva diz sem pestanejar: “não tem como saber, mas tome cuidado, não faça nada que não esteja na sua rotina” – alerta ela.
Agradeço, pego minhas coisas e vou embora, com a cabeça rodando e os pensamentos mais confusos do que quando cheguei. Aquele sentimento da Lua, tudo nublado, lamacento, sem certeza de mais nada, angustiada e ansiosa. Não vejo nada ao meu redor, só sinto o frio, muito frio.
O incerto e duvidoso me dá borboletas na barriga, mesmo por que irá sair da minha zona de conforto, da estabilidade, do que está ao meu alcance. Um pouco de emoção é sempre bom, a sensação de não saber o que irá acontecer, do imprevisto. Imprevisto não, já que foi previsto que acontecerá algo – e algo ruim -, mas o que?
Paro pra pensar em nós: temos um relacionamento longo, sem brigas e quase nenhuma crise, um castelo grande e estruturado, para nos abalar tem que ser algo realmente forte e provavelmente sem pensar. Agora, tomar decisões sem pensar não está nos planos, nada de levantar aquele meu lado impulsivo, já estou atenta e nada vai me pegar por trás – ou seria pela frente? Difícil mesmo vai ser tirar isso da minha cabeça, esquecer.
As cartas não tinham uma conexão muito clara, o jogo não estava claro, ou eu que não queria ver? Vejamos: nos gostamos, estamos em harmonia e algo ruim irá acontecer – que não se sabe o que -, com isso ocorrerá mudanças e a justiça será feita, sem dó nem piedade. Ok, talvez tenha uma conexão. Repasso e repasso mais uma vez todas as cartas na minha cabeça, todos os significados e não chego a nenhuma conclusão. São coisas que só o tempo irá dizer. Tempo, sempre tive problemas com ele, sou ansiosa demais e curiosa demais.
Quanto me dou por mim já estou na porta de casa; acho a chave, abro a porta e vou ler nossas cartas de amor, as juras do pra sempre que talvez terá um fim. Logo já repenso: que exagero, foram só sete cartas que não são definitivas, assim como nada nessa vida; como já dizia a própria Eva “No balanço das horas tudo pode mudar”. E sim, pode ser ruim, mas não é pra sempre ruim, a dor é passageira e depois de um tempo nem lembramos mais dela; convenço-me.
Recolho as cartas e vou me deitar, lembrando-me de como somos um belo casal, aqueles de colocar inveja e de acreditarem que vão casar. Quem sabe? Só o tempo irá dizer. Paciência.

Giovanna Offer


Quando eu era mais nova lia Capricho e era feliz. Tinha um ritual: comprava a revista, folheava inteira, parava para ler a crônica do Antonio, voltava, lia as matérias que mais me interessavam e depois guardava; lia conforme ia passando a semana, mesmo porque tinha que esperar mais um mês para ter uma nova edição.
Sempre tive amigos meninos e sempre criticaram a tal revista, nunca entendi bem o porquê, mas hoje – depois de dois anos que a abandonei – descobri.
Meninos são invejosos. Entre os 10 e 16 anos (público-alvo bem atendido da Capricho) surgem dúvidas, inseguranças e questões que parecem o fim do mundo; passa. Eu sei, assim como vocês, porém, nós meninas temos não só uma revista, mas também uma amiga e conselheira para enfrentar essa fase conturbada que é a adolescência, diferente deles.
Invejosos sim. Meninos querem saber se “a fulana está afim?”, “como chegar nela? E se ela me der um fora?”, “o que fazer na hora h?”, “porque os meus amigos tem mais sucesso do que eu?”, “os meus amigos se afastaram, o que fazer?”, “como agradar a gatinha?”, “o que ela pensa de mim?”, ”A festa do meu amigo é no dia do meu aniversário de namoro, como sair dessa?”. São tão inseguros como as meninas, mas diferentemente não conversam com os amigos no banheiro e nem tem uma revista para ajuda-los. Aliás, a revista deles trata de outros temas que, claro, um menino precisa saber: “como transar com a gata”, “a balada do mês”, “Megan Fox diz sua posição preferida (porque no dia seguinte você vai ter um encontro com ela)”. Fazendo uma breve pesquisa para este breve texto com os mesmos meninos que criticavam a revista, descobri que se tivesse uma Capricho masculina eles gostariam de ler, mas provavelmente não comprariam, ou leriam escondido. Só acentuou o que eu já sabia: como são incapazes de assumir as dificuldades. Vai entender.
Como disse, não leio mais a Capricho (as questões agora são outras), mas acho de uma competência indiscutível. Meninas são sortudas por ter alguém pesquisando, dando dicas e conselhos sobre as mais variadas dúvidas que as afetam.

Giovanna Offer


Clique complexo

25jul11

Lembra as aberturas do programa Ra-Tim-Bum dá TV Cultura? Então, aqui no Brasil essas máquinas que provocam uma reação em cadeia em diversos passos não tem nome específico. Nos EUA é conhecido como Máquina de Rube Goldberg, o cartunista, engenheiro e inventor dessas maquinetas complicadas demais.
Os canadenses do site 2D Photography e do site de compras Penny Auctions criaram uma grande e complicada máquina de Goldberg somente para tirar uma foto. O processo tem quatro minutos, ocupa todo um estúdio e passa por diversas fotos até chegar ao finalmente esperado clique final. O vídeo aqui a baixo, acredite, foi todo filmado em uma só tomada e sem cortes. Fique boquiaberto você também com toda essa complexidade criada por esses caras do Canadá.

Para quem ficou com vontade de ver mais, segue um vídeo no mesmo esquema da banda OK Go

Giovanna Offer


O amor acaba

24jul11

O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova York; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.

Paulo Mendes Campos em uma de suas mais lindas crônicas


Grandioso Eros

23jul11

Havia festa no Olimpo comemorando o nascimento de Afrofite, a Deusa da beleza e do amor. Sem ser convidada, no fim da festa surge Pênia, a pobreza, para comer os restos do banquete. Porém, antes de chegar à mesa se depara com Poros, a riqueza, dormindo embriagado em baixo de uma árvore. Decide ter um filho com ele. O acorda, o toca, o desperta e concretiza o seu plano: nasce Eros, o amor.
Nem humano e nem Deus, nem mortal e nem imortal. Nasce e morre, mas sempre renasce.
Possui um dubio aspecto, pode ser tão rico quanto o pai, como tão pobre quanto à mãe. É a mistura dos dois. Assim, nunca se encontra em completo estado de miséria, nem, tampouco, na opulência.
Foi adotado como irmão por Afrodite que o proibiu de crescer. Sua representação em forma de imagem é “O Cupido” enquanto mensageiro do amor.

Reuniam-se na casa de Agatão, discípulo de Sócrates, seis amigos bem entendidos para um banquete com muita luxúria. Surge à ideia de discutir sobre um assunto, escolhem Eros, pois é algo em comum de todos.
Começa então a celebração e louvor ao amor.
Fedro começa dizendo que o amor é a coragem sem limites, a busca de reciprocidade e a preservação da vida. Como exemplo as fêmeas que protegem suas crias e supera todas as suas forças para salvar o ser amado.
Pausânias (comerciante/banqueiro) segue dizendo que há dois tipos de amor: o decente e o indecente. Enquanto o primeiro eleva os amantes, o segundo os diminui. Os dois recebem a mesma proteção da Afrodite.
Erixímaco (médico) por sua vez diz que o amor é a atração entre os opostos, daí a expressão “Os opostos se atraem”. Amor não é cego; ele é o único que enxerga as próprias motivações.
Aristófanes conta a história dos gigantes que habitavam a Terra. Possuíam uma cabeça com dois rostos opostos, quatro braços, quatro pernas e mais quantos exemplos tiverem para supor. Quando masculino era descendente do Sol, feminino da Terra e os dois da Lua, pois a lua também tinha os ambos. Porém os gigantes eram arrogantes e zombavam dos Deuses por terem apenas dois braços e duas pernas. Zeus decidiu castiga-los para se tornarem mais fracos e menos audaciosos, separando-os e criando dois.
Comparando a história dos gigantes, Aristófanes diz que a três tipos de amor:
1° entre os homens e as mulheres;
2° entre os homens;
3° entre as mulheres
Ele é a procura da outra metade perdida, da alma gêmea. Amor é a paixão pela própria natureza.
Agatão fala que o amor é a sublimação afetiva e comportamental. Ele é também a eterna juventude.
Sócrates diz que o amor é a complementação disso que já se possui e do que se admira. Assim, quem admira a bondade apaixona-se por alguém ainda mais bondoso. Aqui a continuidade da frase do Erixímaco “Os iguais se completam”.
Platão observava e anotava os discursos de seus amigos e chega a conclusão do amor platônico que é paixão pela ideia de beleza = bondade = verdade que desloca o sexo para o segundo plano de importância. As crianças deste amor – em forma de obra de arte, de bondade ou de ciência – são eternas, enquanto as crianças do amor físico são mortais. Para se alcançar este amor é preciso percorrer as etapas:
1° admiração estético-erótica;
2° admiração moral;
3° dedicação total à beleza = bondade = verdade
Cria-se assim mais que o livro O Banquete de Platão, cria-se os tantos variados conceitos sobre Eros, o amor.

Giovanna Offer


A, quanto amor

23jul11

Abro o Word, vejo a página em branco e olho e penso e não escrevo. Como é difícil começar a escrever sobre um assunto determinado (por você); as palavras se escondem, ficam distantes e fogem. Existe vontade, mas não se sabe começar, nem terminar e nem o que dizer.
Talvez seja assim o amor, é difícil, é fácil, começa e termina. Como uma oração: existem sujeitos compostos e complicados, travessões quando há diálogos, interrogações e exclamações, vírgulas e o ponto final. O amor acaba já dizia Paulo Mendes Campos em uma de suas mais lindas crônicas, acaba, começa, recomeça. Danado este tal de amor, desregrado, desnaturado, desengonçado.
Paro, leio o que escrevi até agora e penso: garota atrevida eu querendo falar sobre amor. Besteira! O amor é o assunto em comum entre os seres humanos, todos já amaram, amam e irão amar em algum determinado tempo e lugar. Mas ele não tem tempo, hora e lugar pra começar e se manifestar, que surpresa (des) agradável esse tal de amor.
Volto ao meu dilema inicial, dez linhas escritas e nada mais.
Não tenho o que falar do amor, não tenho como descrever, não tem como filosofar e nem como criar teorias (e vocês sabem o quanto amo uma teoriazinha barata). O amor é assim, não se diz; se sente, se vive, se enche, se lambuza, se degusta, se aprende, se torna amor. Mais forte, mais constante, mais intenso, menos forte, menos constante, menos intenso. Contraditório, complexo, complicado.
Menos gostoso que a paixão, porém, mais grandioso. O coração já não bate tão rápido, a voz não gagueja, as borboletas já não cismam em aparecer, mas estão lá. Controlados, delicados, comportados, tranquilos.
Leio novamente, não apago nada, vejo que falei e não falei nada. Coisa com coisa, pra que? Este meu pequeno texto não muda nada em sua vida, talvez nem te faça pensar nessa minha forma de amor, mas qual é a sua forma, esta você já pensou? Aliás, será que tem forma e formula secreta? Quantas pessoas não gostariam de saber para recuperar ele, o amor. De si, do amante, do amado, do outro para si.
Toca o telefone, atendo e é ele, o meu amor. Digo que estou escrevendo. Ele pergunta: o que? Sobre o amor – respondo. Sobre mim que está escrevendo então, o seu amor? Ele responde e sorri.
Sobre ele e sobre todo tipo de amor que se manifesta, se domina, se deixa dominar e se torna dominante e todas as vertentes que sei e não sei mostrar do amor.

Giovanna Offer


Tranquilidade, suavidade
Paz
Pedras, caminhos, caronas
Pessoas sem maldade e com lealdade
Amizade, evolução, aprendizado,
Pureza
Tucanos, beija-flores, borboletas
até dois papagaios soltos na natureza
Cidadezinha em cima da serra longe do mar, nos faz pensar
Duendes, bruxas, magos
são todos e estão ao nosso lado
São Tomé, São Thomé das Letras apagadas, para quem?
Caetano, Raul, Rita, Chico, Gil
Cantores de rua e os pius, pius, pius
Composições, harmonias, melodias
Misturados soam como passaros ao nosso lado
de fazer ficar com vontade de parar tudo e somente ouvir, ver, apreciar, entender
São Tomé, São Thomé das Letras vivas
nos moradores, rodeadores, hippies sujos de bom coração
que só querem diversão
Montanhas, altura, nós nas alturas
O por do sol e o nascer da lua cheia
de lado oposto, porém, ainda juntos
tudo cabe nesse mundo
São Tomé, São Thomé das Letras coloridas
que mudam, vibram, tranformam, renovam, interagem, renascem
nasce
a percepção, o silêncio, a coragem, a amizade
Energia que se mexe, se remexe e mexe comigo
São Tomé, São Thomé das Letras caladas
que te faz pensar, analisar, refletir
falar pouco, porém muito
somente pra quem precisa ouvir
Não discutir
Aprender
Cachoeiras, trilhas, árvores com formato
Águas com forma de tobogã, com forma de chuveiro, com forma
…sem forma
Águas límpidas
São Tomé, São Thomé das Letras impronunciáveis
não importa a maneira como de diz e sim o que se diz
Dizer, entender, sentir
São Tomé, São Thomé das Letras puras
Gente que chega, que se vai, que se conhece e reconhece em si
Olhares intimidados, intimidadores
íntimos
observadores, observados, cuidadosos com cuidado
São Tomé, São Thomé das Letras de valores
onde se sente a beleza dos valores do seu ser
e coloca para fora, para baixo
a crueldade e maldade, para quem?
São Tomé, São Thomé das Letras petrificadas
que vai ficar, que vai voltar, que vai aprender e concretizar
São Thomé das letras, ô cidadezinha pequena,
cidadezinha apertada
São Thomé das letras, ô cidadezinha ajeitada,
cidadezinha apertada
São Thomé das letras, ô cidadezinha mística,
cidadezinha encantada.
Das energias que fluem, que influi, que se abrem,
que abrem caminhos
que entra milhôes de energias e bilhões de emoções
Agitando, a fundo, borbulhando do lado de dentro
Transformando-se
Pois é, São Tomé, São Thomé

Giovanna Offer


Ao invés de ouvir, veja a música criada pelo ilustrador Matteo Negrin.